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30 de outubro de 2009

Pensando

A vida é uma coisa pavorosa, e por trás do pano de fundo daquilo que conhecemos dela espreitam indicações demoníacas de realidade que tornam-na por vezes mil vezes mais horrenda. A ciência, já opressiva em suas traumáticas revelações, representará talvez o algoz último da espécie humana – se é que chegamos a ser uma espécie distinta, – pois seus horrores inimaginados, se lançados à solta no mundo, não poderiam ser suportados por cérebros mortais. Se soubéssemos o que somos, faríamos o que fez Sir Arthur Jermyn, e Arthur Jermyn certa noite banhou-se em gasolina e atiçou fogo em suas próprias roupas. Ninguém depositou os restos carbonizados numa urna ou destinou um memorial àquele que havia sido, pois certos papéis e um certo objeto encaixotado foram encontrados que levaram os homens a desejar esquecer. Alguns que o conheceram recusam-se a admitir que tenha existido.
H. P. Lovecraft, Facts Concerning the Late Arthur Jermyn and His Family (1920)

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